sábado, 22 de outubro de 2011

Estudo questiona utilidade dos testes de QI


Pesquisa demonstrou alterações de até 20 pontos no QI de adolescentes

Cérebro pode sofrer alterações que influenciam o QI

Os jovens vivenciam enormes oscilações de inteligência durante a adolescência, o que demonstra que a habilidade intelectual não é estável, mas sim um processo que acompanha o amadurecimento do cérebro. É o que afirma estudo publicado na edição desta quarta-feira da revista britânica Nature.
Segundo a pesquisa, estas oscilações se devem a mudanças na estrutura cerebral e não a picos hormonais, o que desafia a hipótese amplamente aceita de que a habilidade intelectual seria estável ao longo da vida. Esta teoria ampara os testes de inteligência aplicados nas escolas de ensino fundamental e que, muitas vezes, definem a vida de um indivíduo, ao determinar as opções educacionais e profissionais que ele fará no futuro.
Em seu estudo, os cientistas acompanharam 33 adolescentes em 2004, quando os voluntários tinham entre 12 e 16 anos. Eles utilizaram um teste padrão do coeficiente de inteligência, que mede o "QI verbal", que avalia habilidades de linguagem, aritmética, conhecimento geral e memória, e o "QI não verbal", como identificar as partes que faltam em uma fotografia ou solucionar um quebra-cabeças visual. Em um segundo teste, realizado entre 2007 e 2008, eles voltaram a reunir os jovens.
Em alguns casos, o QI dos adolescentes foi alterado em 20 pontos neste intervalo, a mais ou a menos, em comparação com colegas da mesma idade.
Surpresa com a descoberta, a equipe recorreu a imagens da ressonância magnética, que captura uma imagem tridimensional do cérebro, e descobriu mudanças significativas durante o intervalo de tempo analisado. Por exemplo, um aumento no QI verbal foi associado com um aumento de densidade de matéria cinzenta no córtex motor esquerdo, parte do cérebro que ajuda a processar a fala.
O aumento do QI não verbal foi relacionado com uma progressão na matéria cinzenta no cerebelo anterior, associado com movimentos das mãos. A elevação de um tipo de QI não foi acompanhado, necessariamente, pelo aumento em outro.
"Nós descobrimos uma mudança considerável em como os indivíduos se saíram nos testes de QI em 2008 em comparação com o experimento realizado quatro anos antes", afirmou Sue Ramsden, do Wellcome Trust Centre for Neuroimaging da University College de Londres (UCL).
"Alguns tiveram um desempenho claramente superior, enquanto outros se saíram consideravelmente pior. Nós descobrimos uma correlação clara entre esta mudança de desempenho e mudanças na estrutura de seus cérebros, e assim podemos dizer com alguma certeza que estas mudanças no QI são reais", afirmou.
Estudos anteriores já tinham destacado a maleabilidade do cérebro, um órgão que pode mudar de estrutura durante a vida adulta. "A questão é: se nossa estrutura cerebral pode mudar durante nossas vidas adultas, nosso QI também pode mudar?", questionou a chefe das pesquisas, Cathy Price, professora da UCL. "Meu palpite é que sim. Há muita evidência que sugere que nossos cérebros podem se adaptar e mudar mesmo na idade adulta", acrescentou.
Permanece nebuloso, no entanto, se as mudanças de QI na adolescência se devem ao desenvolvimento remoto ou tardio, ou se a educação influencia. Se estas descobertas forem confirmadas, as implicações podem ser de grandes proporções. "Nós temos a tendência de avaliar as crianças e determinar sua trajetória educacional relativamente cedo na vida, mas aqui demonstramos que sua inteligência provavelmente ainda está se desenvolvendo", disse Price.
"Temos que ser cautelosos para não descartar aqueles com desempenhos piores em um estágio precoce, quando de fato seu QI pode melhorar significativamente alguns anos adiante", acrescentou.

Cientistas identificam extratos bioativos em algas vermelhas


Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram identificar extratos e substâncias com potencial antiprotozoário e antifúngico em algas vermelhas (Bostrychia tenella) coletadas em costões rochosos de Ubatuba, no litoral norte do estado de São Paulo. Os cientistas também conseguiram caracterizar extratos bioativos que poderão, no futuro, ser potencialmente utilizados na indústria farmacêutica. As informações são da Agência USP.
Segundo o pesquisador Rafael de Felício, o trabalho envolve estudos de produtos naturais (substâncias que são oriundas do metabolismo secundário) sintetizados por algas marinhas. "É comum vermos estudos envolvendo a identificação de metabólitos primários, tais como açúcares, polissacarídeos, proteínas e aminoácidos, entre outros, mas, estudos envolvendo a descoberta de novos metabólitos secundários são bastante escassos para certos organismos. Por meio de revisão da literatura sobre o tema não foram encontradas pesquisas sobre os metabólitos secundários desta espécie de alga vermelha, a Bostrychia tenella", afirma.
"Os metabólitos primários são aqueles essenciais para a sobrevivência do organismo, enquanto que os secundários são os ditos especiais, que exercem funções especificas para cada organismo, como de proteção contra fungos, predadores e competidores, além de feromônios sexuais", descreve Felício.
Metabólitos raros
Ao todo, os cientistas isolaram e analisaram 63 metabólitos secundários. Entre os 24 metabólitos fenólicos (substâncias aromáticas) identificados, de grande interesse são aqueles halogenados, como bromofenois, responsáveis pelas propriedades de sabor e aroma das algas. "Os metabólitos halogenados são bastante raros em plantas e animais terrestres", explica o pesquisador.
Das 24 substâncias descobertas, três são inéditas na literatura científica e outras nove são consideradas inéditas como produtos naturais. A professora Hosana Maria Debonsi, orientadora da pesquisa, explica que os metabólitos inéditos como produtos naturais são aqueles que podem até terem sido sintetizados em laboratório, mas ainda não foram isolados a partir de organismos vivos.
Muitas destas substâncias podem levar à descoberta de interessantes protótipos farmacêuticos no futuro "Podemos citar como exemplo a aspirina - ácido acetilsalicílico -, cujo precursor foi a salicilina, introduzida com finalidade medicinal para o alivio de febre e dores em 1876, utilizada em uma mistura herbal obtida a partir do extrato de Salix sp. Assim, o precursor foi de origem natural e o produto final foi sintetizado a partir deste", conta a professora.

Foguete russo Soyuz decola com sucesso da Guiana Francesa

É a primeira vez que uma nave Soyuz foi lançada fora do território da ex-União Soviética. Foto: Reuters


Um foguete russo decolou nesta sexta-feira da Guiana Francesa pela primeira vez na história, levando a bordo os dois primeiros satélites do Galileu, o projeto europeu que pretende concorrer com o GPS americano. O foguete decolou às 7h30 (8h30, horário de Brasília). "Tudo correu bem", disse Jean-Yves Le Gall, presidente da empresa de lançamento de foguetes Arianespace, em comunicado após o lançamento.
A missão do Soyuz de colocar o Galileu em órbita deve durar três horas e 50 minutos. O lançamento estava previsto para a quinta-feira, mas foi adiado por "uma anomalia observada na terceira planta" da plataforma de lançamento.
O lançamento representa uma nova parceria entre Ocidente e Oriente para redefinir a concorrência comercial no espaço. As naves Soyuz voam desde 1966, e são mais antigas até mesmo que os primeiros mísseis balísticos intercontinentais da Guerra Fria. Mas esta é a primeira vez que ela foi lançada de fora do território da ex-União Soviética.
No final da década, quando o Galileu estiver plenamente operacional, o sistema dará autonomia aos europeus em relação ao sistema GPS, que é norte-americano. A Rússia diz que concluiu no começo deste mês um sistema semelhante.

Quase um mês depois, outro satélite cairá na Terra

Satélite alemão que cairá está inativo há 13 anos. Foto: AP


Depois da queda do satélite americano UARS, no último dia 24, a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) confirma que outro satélite - do tamanho de um automóvel e com o peso de 2,4 t - está prestes a sair de sua órbita e cair na Terra.
O satélite alemão Rosat, criado para a observação de raios-x, deve entrar na atmosfera entre os dias 22 e 23 de outubro a uma velocidade de 28 mil km/h, segundo o Centro Alemão Aeroespacial (DLR, na sigla alemã). Astrônomos afirmam que grande parte do telescópio será queimada durante sua entrada na atmosfera, mas calculam que cerca de 30 pedaços do objeto, com um peso total de 1,7 t, podem cair na Terra.
O momento e o local da entrada na atmosfera não podem ser calculados com precisão em função das variações da atividade solar - com a atmosfera aquecida, aumenta o atrito do satélite com as moléculas de ar, processo que interfere na entrada do satélite. A ESA e outras organizações espaciais estão monitorando a trajetória do objeto e os pontos ainda suspeitos de receberem os destroços.
A estimativa inicial dos funcionários do DLR é que objeto caia na Terra entre 53 graus de latitude norte e 53 graus de latitude sul. A probabilidade de alguma peça atingir uma pessoa na Terra é baixa - uma em 2 mil (chance maior que a do satélite que caiu em setembro, de uma em 3,2 mil).De acordo com astrônomos da Nasa, desde o início da era espacial não se confirmou nenhum caso de pessoa ferida por um objeto espacial em seu retorno ao planeta.
O satélite que retorna
A missão Rosat, liderada pelo Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, em cooperação com a Nasa e o DLR, permitiu que ocorresse um avanço no mapeamento extensivo do universo e do estudo de fontes de raios-X no espaço. O satélite alemão, que completa uma volta no planeta a cada 90 minutos, foi lançado em 1990, no Cabo Canaveral, na Flórida, para procurar buracos negros e estrelas de nêutrons.
Depois de oito anos, o equipamento ficou inutilizado. Cientistas não têm certeza do motivo, contudo, acreditam que o objeto pode ter sido infectado com um vírus de informática ou teria tido queimaduras provocadas pela exposição direta ao Sol. Assim, a estrutura encontra-se em órbita, sem utilidade, há 13 anos.
Os técnicos informam que o Rosat foi concebido para se desintegrar em 30 grandes peças e sublinham que uma delas, de cerca de 1,6 t, poderá resistir à entrada na atmosfera, o que deixa em alerta as autoridades de países onde ele possa vir a cair.
Mais preocupação com lixo
A queda alerta, de novo, para a necessidade de se realizar uma limpeza no espaço. Após a vida útil dos equipamentos espaciais, eles são desativados e ficam vagando pelo espaço até que a velocidade baixe muito e a força gravitacional os atraia para o planeta.
Para solucionar o problema do lixo espacial, que além das quedas pode provocar choques com aparelhos operantes, é preciso que as agências se responsabilizem pelos artefatos sem uso. A pesquisadora Thais Russomano, coordenadora do Centro de Microgravidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), diz que já existem planos para que os responsáveis por terem colocado os satélites (ou outros objetos) em órbita - ou tenham produzido lixo cósmico de outras formas - realizem o processo de limpeza. Mas não há prazos nem lei para isso ainda, afinal o custo desta "faxina" ainda é muito alto.
Pesquisadores já alertaram que chegamos a um ponto crítico de lixo. Porém, as soluções exigem decisões políticas que envolvem altos valores financeiros. Explodir tudo lá em cima pode agravar ainda mais o problema, pois vários componentes - grandes e pequenos -, bem como a poeira originada na explosão, também ficariam orbitando o planeta.

Chuva de meteoros será vista do Brasil na madrugada de sábado


Na madrugada deste sábado, a chuva de meteoros Oriônidas poderá ser vista no Brasil e o espetáculo terá a participação da Lua e de Marte, algo que não ocorre todos os anos. O satélite natural da Terra e o planeta vermelho formarão os dois vértices de um triângulo celeste que fechará Regulus, a estrela mais brilhante da constelação Leão, no momento mais ativo da chuva, horas antes do amanhecer.
O astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, Alexandre Cherman, diz que o melhor momento para observar a chuva é em torno das 3h da manhã. A frequência prevista é de 15 meteoros por hora, ou seja, um a cada 4 minutos.
Cherman explica que a chuva de Oriônidas ocorre uma vez por ano. "Essa chuva de meteoros tem esse nome porque, visualmente, os meteoros parecem vir da constelação do Órion (onde ficam as Três Marias)". A chuva serádecorrente da passagem da Terra pela poeira liberada pelo cometa Halley .
Neste ano, em particular, as Oriônidas serão emolduradas por algumas das constelações mais brilhantes procedentes de Órion e passarão por Touro, Gêmeos, Leão e Ursa Maior, anunciou esta semana um a Nasa, agência espacial americana.
Em relação à presença de Lua e Marte, o astrônomo afirma que "é apenas uma feliz coincidência". "Órion (o radiante) estará alto no céu, enquanto a Lua e Marte estarão próximos ao horizonte leste (nascente). Como a Lua e Marte têm ciclos próprios diferentes do ciclo da Terra ao redor do Sol, é fácil entender que esse encontro (Oriônidas com Lua e Marte no céu) não acontece todos os anos", esclarece.
Como visualizar?
A chuva será visível no Brasil, porém é importante escolher um bom local de observação. O ideal é procurar um horizonte sem montanhas ou prédios e se distanciar das luzes dos grandes centros urbanos, já que o escuro aumenta o contraste com a luminosidade dos meteoros, facilitando a observação.
Sobre chuvas de meteoros
Os cometas são grandes blocos de gelo sujo que giram ao redor do Sol. Volta e meia estes objetos chegam perto do Sol e começam a derreter, formando uma bela cauda. Alexandre Cherman lembra que cometas, quando estão longe do Sol, não têm cauda.
Esta cauda fica para trás, deixando um rastro de pedregulhos no espaço (os meteoroides). Quando a Terra passa por uma região dessas, muitos meteoroides entram na atmosfera ao mesmo tempo e temos uma chuva de meteoros.
Estas chuvas ocorrem periodicamente, sempre que o planeta Terra atravessa a órbita de algum cometa. No entanto, a intensidade das chuvas é sempre diferente - podendo ser mais forte ou mais fraca.